30 de maio de 2014

Por que as organizações resistem a metas e indicadores



Tommaso Russo

A adoção de indicadores e metas não tem apenas o objetivo de medir o desempenho da empresa, mas é criar uma cultura de melhoria nos processos e responsabilização das pessoas. Os gestores das organizações podem querer melhorar a produtividade e a lucratividade, mas ficam reticentes ao perceber que isso aumenta sua responsabilização pelos resultados e as consequências que isso traz.
Quanto mais dados, números e indicadores são utilizados para a gestão, mais os indivíduos, gestores e executivos podem ser responsabilizados por surpresas desagradáveis, ineficiências e desperdícios que esses números podem mostrar. Maior responsabilização deixa as pessoas nervosas.
Em culturas complacentes, o que fazer com as pessoas de baixo desempenho? Os indicadores e metas serão utilizados para melhorar as pessoas e os processos a terem melhores resultados, ou apenas como uma forma de aumentar e centralizar o poder das chefias? Haverá um compromisso de aumento de transparência e responsabilização por parte da alta administração - compartilhar ao invés de impor metas?
Quando os números importam, o esforço sem resultados, o melhor possível, o “valeu assim mesmo”, o bom-mocismo, os deuses e os elementos perdem seu papel amortecedor nas avaliações de desempenho das pessoas. E a maioria das empresas e das pessoas não está preparada para isso.
Além disso, em uma cultura voltada para resultados, o planejamento é fundamental. Estabelecer números que devem ser atingidos pode não ser muito difícil – mas como agir? Como as metas são desdobradas? Quem é responsável pelo quê? É o fim da cultura do “caminhão de melancias – no fim tudo se ajeita”, ou seja, planejar é tão ou mais importante que atingir as metas. E planejar dá trabalho, notadamente quando a alta administração está focada na operação e não na estratégia.
As metas e indicadores devem ser acompanhados através de dados e números. Isso implica em sistemas de informação (custos, resultados, produtividade) relativamente complexos. Infelizmente, muitos dos sistemas de gestão (que custaram caro) estão configurados para tratar apenas dados agregados (que bastam para a Contabilidade, para a qual “relatórios gerenciais” soa como aberração); existe grande dificuldade no rateio de custos, em obterem-se informações por centro de resultados... e a correção dessas funcionalidades vai mostrar que a implantação do ERP foi feita sem considerar as necessidades de gestão da empresa, mas as conveniências do fornecedor.
Indicadores e metas são elementos fundamentais para a gestão e realização das estratégias das organizações. Porém, sua adoção implica na necessidade de algumas mudanças culturais que podem ser difíceis de realizarem-se e que devem ser previamente desenvolvidas nas pessoas.


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