30 de maio de 2014

A curva normal pode não representar o desempenho das pessoas



Tommaso Russo
Tradicionalmente, assume-se que a distribuição do desempenho das pessoas pode ser representada por uma curva normal (ou curva de Gauss) – uma curva em forma de sino invertido, onde apenas um número reduzido de pessoas está distribuído nas extremidades (desempenho muito alto / muito baixo).
Estatisticamente, isso implica que 68% pessoas apresentam valores de desempenho dentro do intervalo compreendido entre a média e mais ou menos 1 desvio padrão, enquanto 16% ficam acima ou abaixo desses limites.

Embora de fácil entendimento, uma pesquisa desenvolvida em 2012 concluiu que a distribuição normal não reflete o comportamento dos resultados do desempenho das pessoas. Foram analisados os resultados de 633.263 pessoas em 198 amostras e verificou-se que 94% dos indivíduos não apresentavam valores de desempenho ligados a uma distribuição normal.
Ao contrário, eles apresentavam um comportamento representado por uma distribuição contida na Lei da Potência, ou seja, uma curva exponencial (y=axk, onde a e k são constantes). A conclusão que o maior nível de desempenho é apresentado por um grupo pequeno de “superastros”.
Assim, no gráfico acima, a quantidade de pessoas x nível de desempenho segundo uma distribuição exponencial (em vermelho), os colaboradores de baixo desempenho encontram-se na parte superior e os de alto desempenho na extremidade inferior. Estatisticamente, a maioria dos colaboradores apresenta valores abaixo da média dos valores de desempenho. 
Nesse tipo de distribuição, 80% das pessoas ficam abaixo da média, 10% próximos à média e 10% acima. Esses resultados indicam que também nesse caso, o desempenho apresenta as características de uma curva de Pareto (20% das causas são responsáveis por 80% dos efeitos, ou 80% do trabalho é feito por 20% das pessoas).
Se a hipótese é correta, fica patente que um pequeno número de pessoas na organização é responsável pela maior parte da entrega. Isso não implica, porém, que a maioria das pessoas apresenta baixo desempenho, mas apenas que a variabilidade de desempenho é alta e que a curva não deve ser simétrica acima e abaixo da média.
Entretanto, as pessoas acham que a curva normal é “justa”: existe um número igual de pessoas acima e abaixo da média. E justiça é muito importante. Mas justiça não significa “igualdade” ou “recompensas equivalentes para todos”. Organizações de alto desempenho possuem uma ampla variedade de políticas de remuneração, reconhecendo o fato que algumas pessoas agregam muito mais valor que outras.
Ou seja, talvez seja necessário desviar um pouco o foco na maioria da força de trabalho e priorizar os talentos que produzem os maiores impactos nos resultados. Para um colaborador realmente excepcional, talvez as políticas de recompensas normais podem não ser aplicáveis.

Baseado no artigo “The Bell Curve is Dead”, publicado em http://www.compensationcafe.com/2014/04/ding-dong-the-wicked-bell-curve-is-dead.html


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