27 de fevereiro de 2014

A política salarial dos bombeiros



Tommaso Russo
 Na turbulência pela qual passam as empresas, manter políticas adequadas de remuneração, principalmente voltadas a cargos e salários não é fácil. Porém, existem grandes diferenças entre empregadores que se preocupam em gerenciar constantemente suas políticas salariais e aqueles que, aparentemente, estão confortáveis em apenas apagar incêndios, assim que aparecem.
Em alguns casos, a organização chegou a desenvolver e implantar uma estrutura básica de cargos e salários e a respectiva política, mas não se preocupou em mantê-la atualizada. Nunca mais se preocupou em obter dados salariais de mercado (mesmo de maneira informal) para manter-se competitiva. Não fez uma revisão em sua política de remuneração para garantir que seus colaboradores de alto desempenho ou que ocupam cargos tecnicamente críticos são pagos de maneira apropriada perante seus colegas menos destacados, tanto dentro ou fora da empresa.
Com o tempo, o plano de cargos e salários torna-se irrelevante e as decisões relativas aos salários se baseiam em reclamações, ameaças e pressão das áreas politicamente mais bem situadas.
Em outras companhias, a liderança é simplesmente resistente a qualquer tipo de regras e estruturas de remuneração. Consideram que uma política formal faz com que “percam a flexibilidade” na gestão de pessoas - na verdade não querem perder seu poder discricionário de determinar quem pode ou não receber aumentos e promoções.
Nesta situação, as decisões são baseadas no grito e na ameaça. Colaboradores que ganham muito mais que merecem com base em seu desempenho e outros muito menos. As pessoas acham que não há critério para a determinação dos salários e que tudo acaba se resumindo a concursos de popularidade, oratória, assembleísmo, ameaças em deixar a empresa ou pura pressão. E, na verdade, é assim mesmo que as coisas funcionam.
Uma política de remuneração baseada em apagar incêndios mostra que a gestão é ruim. Por um lado, cada real gasto com base na reação às pressões raramente retorna à empresa na mesma proporção que uma política pautada em ações proativas. A mensagem subliminar é “não fazemos a mínima questão de medir e recompensar sua contribuição e seus talentos para o negócio, mas se você reclamar bastante ou ameaçar ir embora, te damos um aumento”.
Além de desperdiçar o dinheiro na empresa, esse comportamento desperta a total falta de confiança dos colaboradores nas decisões da empresa e em sua liderança. Evidentemente, isso praticamente empurra para fora da empresa os colaboradores com desempenho diferenciado, mas torna fácil a vida dos medíocres (afinal, onde vão achar outro lugar que pague bem por um trabalhinho meia-boca?). Não é difícil prever o futuro da organização...
Baseado no artigo The Perils of Pay Adhocracy, publicado em http://www.compensationcafe.com/2014/01/the-perils-of-a-pay-adhocracy.html

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