2 de dezembro de 2013

Os Introvertidos: como libertar os poderes dos pensadores no ambiente de trabalho




Tommaso Russo
O que Albert Einstein, Bill Gates, Warren Buffet, Mahatma Gandhi, Charles Darwin e J. K. Rowling têm em comum? São pessoas que causaram impacto no mundo. E também são, todos, introvertidos.

Hoje em dia, nas salas de reuniões das empresas, eles poderiam ser completamente ignorados. Séculos atrás, nossa cultura valorizava a integridade silenciosa e a introspecção. Na cultura atual, a ênfase é na personalidade e a ânsia em ser notado acaba destacando um determinado tipo de pessoa.
 Essa pessoa fala alto, fala muito e fala rápido. Ela pensa enquanto fala. É um extrovertido.

O introvertido, que articula suas ideias antes de falar é quieto e reservado, foi posto para escanteio. Como consequência, não são as pessoas com as melhores e mais criativas ideias que são ouvidas, mas aqueles que falam mais alto.

O resultado tem sido uma perda de ideias e de conhecimento de alguns dos melhores pensadores nas organizações. É uma enorme perda de talento, do qual as empresas não poderiam abrir mão.

Evidentemente, uma organização trabalharia melhor se pudesse obter o melhor de seus colaboradores, sejam extrovertidos ou introvertidos.


Entendendo os introvertidos e os extrovertidos

Um dos mais comuns conceitos sobre os introvertidos é que são tímidos e os extrovertidos são o oposto. Esses traços são apenas a aparência que vemos nos dois grupos.

Carl Jung, que popularizou os termos introvertido e extrovertido, dizia que a diferença entre eles é a maneira através da qual obtém sua energia. Introvertidos conseguem energia passando o tempo sozinhos. Quando cercados de outras pessoas por muito tempo, eles sentem que sua energia se esgota. Eles não são necessariamente tímidos ou reclusos, eles apenas precisam se isolar para recompor suas energias.Os extrovertidos, por outro lado, ganham energia a partir dos outros e sentem-se esgotados quando passam muito tempo sozinhos.

Outra descoberta importante de Jung é que introversão / extroversão são os extremos opostos da escala e a maioria das pessoas localiza-se em algum lugar entre esses pontos. De fato, Jung declarava “que não existe essa coisa de introvertido puro ou extrovertido puro. Se tal pessoa existisse, estaria internada em um asilo para lunáticos”.

O psicólogo Hans Eysenck alega que os diferentes níveis de excitação são responsáveis pela diferença entre introvertidos e extrovertidos. Ele propôs que os introvertidos são excitados mais rapidamente, enquanto os extrovertidos demandam mais estímulos. Isso pode explicar porque os introvertidos podem tornarem-se superexcitados e devem ficar sozinhos para recomporem suas energias. Encontrando dificuldades em sentirem-se estimulados, os extrovertidos devem se esforçar mais, colocando-se em situações na presença de outras pessoas, em busca de acontecimentos diferentes, aventuras e mudanças em suas vidas.

É claro que as organizações devem ou necessitam mudar para atender as necessidades dos introvertidos já estes também devem ser responsáveis em adaptarem-se ao ambiente empresarial.

Entretanto, algumas iniciativas básicas podem ser implementadas para ajudar os introvertidos a sentirem-se mais confortáveis, aceitos e valorizados pela organização.


Criando um ambiente adequado para os introvertidos

As organizações podem criar deliberadamente um ambiente que seja favorável para a introspecção e que permita que os introvertidos utilizem plenamente seus talentos e habilidades.

Coisas tais como o modo que as ideias são formuladas e implementadas podem ser ajustadas de modo que os introvertidos sintam-se valorizados e que fazem parte do time.

Fóruns abertos de discussões, projetos desenvolvidos por equipes, reuniões e eventos informais são mais propícios para a natureza gregária dos extrovertidos.

Eis algumas dicas para os gestores de forma a tornar o ambiente de trabalho mais amigável aos introvertidos:

Definir tempo para que todos os membros da reunião falem e sejam ouvidos – limitar o tempo e pedir a todos os participantes que preparem com antecedência os itens a serem discutidos. Deixar claro que a pessoa que tem a palavra não deve ser interrompida até que termine de falar, quando todos podem fazer perguntas. Por exemplo, pode ser utilizado o bastão da palavra: quem estiver falando segura o bastão e, se alguém quiser se manifestar, deve pedir o bastão, permitindo a quem estiver falando concluir seus pensamentos, sem receio de mudança no tópico em discussão. Isso deve funcionar bem com os introvertidos do grupo.

Garantir que toda a reunião tenha uma agenda previamente definida e distribuída com antecedência aos participantes isso não só ajuda os introvertidos, que gostam de pensar previamente nos pontos a serem discutidos, mas também minimiza o tempo perdido com amenidades e com conversas sem objetivo que desperdiçam o tempo de todos.

Patrocinar treinamentos de como falar em público – onde os introvertidos podem desenvolver habilidades e confiança para manifestarem-se em público, assim como falar de modo sucinto e claro sobre um assunto. Isso os ajuda a sentirem-se mais confortáveis em grupos.

Criar oportunidades para todos liderarem as reuniões – isso fornece aos introvertidos e extrovertidos a oportunidade de testar estilos diferentes de liderança e de interação, resultando em uma melhor compreensão de como os outros trabalham e pensam.

Solicitar ideias por escrito sobre modos novos e criativos de melhorar processos – ao comentar uma ideia nova, dar atenção especial na análise e criatividade embutidas na sugestão, mesmo que não seja possível utilizá-la. Isso fará com que os introvertidos, que normalmente investem energia nesses aspectos, sintam que essas características são notadas e valorizadas.

Comunicar as mudanças e os eventos que causarão impacto nos introvertidos com a maior antecedência possível – lembre que é importante para eles pensar e analisar o assunto para estarem preparados para essas mudanças.

Feed-backs negativos aos introvertidos devem ser feitos em particular.

Ao solicitar ideias para um novo projeto ser claro sobre os limites de tempo – definir claramente que os canais de comunicação estarão abertos até esse limite. Frequentemente, os introvertidos demoram mais para processar informações e preocupam-se com os detalhes.

Quando pedir algo a um introvertido, dar chance para que ele rumine suas ideias por um tempo, ao invés de solicitar respostas imediatas.

Quando trabalham em grupo, os introvertidos trabalham melhor quando lhes são atribuídas tarefas específicas ao invés de trabalhar coletivamente – os introvertidos sentem-se mais confortáveis e têm melhor desempenho em grupos pequenos ou em atividades individuais.


Baseado no artigo Introverts: How to Unleash the Powers of Thinkers in Your Workplace, publicado em http://www.tlnt.com/2013/09/17/introverts-how-to-unleash-the-powers-of-thinkers-in-the-workplace/

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