3 de novembro de 2013
Nós somos bons… vocês têm é sorte!
Tommaso Russo
Nas
últimas décadas, psicólogos vem descobrindo todo tipo de distorções e vieses na
maneira que pensamos.
Por
exemplo, há explicações de por que os incompetentes não sabem que são incompetentes,
porque é tão difícil prever nossas emoções futuras e porque alguns acham que
são mais transparentes aos outros do que realmente são.
Muitas
dessas distorções são resultados dos atalhos ou desvios que a mente utiliza
para que possa navegar em um mundo tão complexo como o nosso. Infelizmente,
isso explica porque às vezes as pessoas tomam decisões totalmente irracionais.
Se
entendermos como esses desvios acontecem, podemos tomar decisões melhores em
todo o tipo de situação, na vida particular e no trabalho. E nos ajuda a
entender como funciona nossa mente.
Uma das maiores motivações do ser
humano é sentir-se bem consigo mesmo. Melhorar nossa autoimagem nos ajuda a
sentir indivíduos mais saudáveis e mais confiantes.
Fazemos isso, em parte, nos
considerando um pouco mais bonitos, espertos e habilidosos do que somos na
verdade. Apesar de nem todos serem tão otimistas, a vasta maioria das pessoas
julga estar acima da média geral em muitos aspectos.
É uma distorção cognitiva, mas
não prejudica se nos faz sentir melhor a respeito de nós mesmos.
Entretanto, esse otimismo a
respeito de nós mesmos não ocorre apenas a nível individual: ele se estende
também aos grupos sociais aos quais pertencemos. Naturalmente, achamos que
nossa família, nossos amigos e nossa equipe são melhores que os outros.
Quando alguém fora do nosso grupo
faz alguma coisa imoral ou condenável ou comete um erro, não procuramos buscar
justificativas ou desculpas para ele. Temos a tendência de considerar o erro
como uma falha de caráter ou falta de habilidade inata – ou seja, algum defeito
interno da pessoa.
No entanto, quando alguém
pertencente ao nosso grupo faz alguma coisa errada, procuramos sempre encontrar
uma desculpa para isso. E as desculpas são de um tipo particular: foi azar,
foram as circunstâncias ou apenas falta de atenção. Quando se trata de um dos
nossos, nos esforçamos ao máximo para concluir que houve uma falha a nível
interno do indivíduo. Na verdade, o universo conspirou contra a pessoa.
A situação se inverte, quando uma
pessoa do nosso grupo social faz alguma coisa positiva, algo para se orgulhar.
Dessa vez, isso ocorre por causa do talento, da habilidade, pois é dos nossos,
ele é bom.
Se alguém fora do grupo acerta,
foi por acaso ou porque as circunstâncias eram favoráveis; jamais por conta de
habilidade ou talento pessoal.
O interessante é que as pessoas
não estão completamente cegas à realidade. O que acontece, é que escolhem e
enfatizam os detalhes que favorecem seu próprio grupo, enquanto sutilmente
desacreditam qualquer coisa que os outros façam. Os erros próprios são
atenuados, enquanto atribuem o sucesso de sua equipe a talento e inteligência
superiores às dos demais.
O mecanismo é o mesmo dos casos
de preconceito – onde o grupo social é substituído pela raça, país, gênero ou
religião.
A psicologia por detrás disso é:
quando um dos nossos comete um erro, foi um acidente ou um acontecimento
anormal. Quando acontece com os outros, é tipico deles.
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