26 de setembro de 2013

Como definir metas melhores



Tommaso Russo
Metas mal definidas podem degradar o desempenho, motivar comportamentos antiéticos e prejudicar as organizações.

Todos conhecem as características que as metas devem possuir (específicas, mensuráveis, atingíveis, realistas e baseadas em tempo), mas poucos reconhecem os perigos de metas mal definidas e as consequências indesejáveis que daí resultam.

São mostrados abaixo quatro problemas comuns com a definição de metas e que podem ser evitados, segundo trabalho da Harvard Business School.

1. Metas específicas demais

O problema com metas muito específicas é que podem distorcer o comportamento das pessoas de maneira indesejável. Por exemplo: 

  • Se você diz a um professor universitário que o mais importante é publicar artigos, o que irá acontecer com sua atividade didática?
  • Se você define que o mais importante para um operador de telemarketing é a rapidez que atende uma ligação, como ele vai atender ao cliente?
Metas muito específicas podem prejudicar o desempenho da organização por distorcer a maneira a qual as pessoas enxergam seu trabalho.
Metas melhores devem ser não tão definidas. Isso dá às pessoas a possibilidade de decidir como desenvolver seu trabalho. Quando metas mais vagas são dadas as pessoas, elas acabam considerando mais fatores: em curto prazo, faz com que elas pensem por si mesmas. È por isso que o controle sobre o próprio trabalho está muito ligado à motivação das pessoas.

2. Muitas metas

Então a solução, então, é definir metas que abranjam todos os aspectos do trabalho das pessoas? Não necessariamente, pois causa outros problemas.

As pessoas tendem a concentrarem-se nas metas mais fáceis em detrimento das outras. Por exemplo, quando é fornecido um objetivo ligado à quantidade e qualidade de um trabalho. Se for mais fácil atingir a quantidade que a qualidade, a tendência é focar a quantidade.

Então, deve limitar-se a quantidade de metas. Ademais, que tem 20 ou 30 metas a cumprir, na verdade não possui meta alguma.

3. Foco em metas de curto prazo

Um exemplo de metas de curto prazo: o vendedor que atinge sua cota de vendas logo nas três primeiras semanas do mês e “tira férias” na semana seguinte.

Se a organização prioriza as metas de curto prazo, não há interesse na inovação e no desenvolvimento das pessoas, aspectos de médio e longo prazo.

As empresas devem então cuidar para que as metas de curto prazo não interfiram na visão de longo prazo, sem o que sua sobrevivência estará comprometida.

4. Metas muito difíceis

Quando as metas são muito difíceis, as pessoas são estimuladas a fazer qualquer coisa para atingi-las, incluindo comportamentos antiéticos.

Um exemplo dramático foi a de um fabricante de discos rígidos para computador. Em 1989, para atingir as metas financeiras, começaram a despachar tijolos no lugar dos discos rígidos. As embalagens permaneceriam fechadas por algumas semanas em um armazém em Singapura, enquanto o fabricante descontava as faturas correspondentes. Em pouco tempo, a empresa faliu.

Este é também um exemplo de visão de curto prazo. O que a companhia pensava quando os tijolos fossem descobertos, como certamente seriam?

Da mesma maneira, quando desafiadas com metas muito difíceis, as pessoas tendem a correr mais riscos. Em algumas circunstâncias isso pode ser aceitável, em outras, não.

E não se trata apenas do quanto desmotivadoras são metas difíceis. Como as pessoas se sentem em não atingir os objetivos, mesmo que tenham chegado a 99% deles?

Assim, as metas devem ser factíveis ao invés das chamadas “metas esticadas”. Com isso, as pessoas não estarão tentadas a tomar atitudes antiéticas ou com riscos inaceitáveis para a organização.

Regras para a definição das metas

Todos os problemas mostrados são muito aumentados quanto maiores forem os incentivos financeiros para atingir as metas. Quando uma bolada de dinheiro está em jogo, metas mal definidas distorcem ainda mais os comportamentos humanos.

O estudo de Harvard conclui:

“Ao invés de um remédio comprado na farmácia sem receita médica, a definição de metas deve ser considerada como um medicamento tarja preta, que requer dosagem cuidadosa para não causar efeitos colaterais sérios e sujeito à supervisão atenta por parte do médico”.

Assim, as regras para a definição de metas “boas” são: 
  •   Metas devem ser um pouco abstratas
  •   Metas devem ser definidas com um olho no longo prazo 
  •   Metas devem ser limitadas em quantidade
  •   Metas não devem ser difíceis demais

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