26 de julho de 2013

Percepções sobre Incompetência e Competência

Tommaso Russo



“Uma das coisas mais dolorosas sobre nosso tempo é que aqueles que sempre têm certeza são estúpidos e aqueles com alguma imaginação e compreensão estão repletos de dúvida e indecisão” – Bertrand Russell.

Pesquisas no campo da psicologia mostram que o filósofo estava certo. Determinou-se que as pessoas com os piores desempenhos profissionais são os que menos percebem sua própria incompetência. Essa característica é chamada efeito de Dunning-Kruger.
O motivo principal desse fato é que esses indivíduos não aprendem com seus erros. A solução consiste, então, em dizer diretamente aos incompetentes que eles são incompetentes.
Infelizmente, o problema é que pessoas incompetentes provavelmente receberam esse tipo de feedback por anos e nunca prestaram muita atenção. Apesar de só fazerem bobagens e irritar outras pessoas, os incompetentes ainda não acreditam nisso.
Como disse Sócrates: A única verdadeira sabedoria é que não sabemos nada.
Mas até essa visão pode ir longe demais. Acontece que pessoas com verdadeiro talento tendem a subestimar o quanto bons são realmente. A raiz dessa distorção é que gente inteligente tende a assumir que outras pessoas acham as coisas tão simples como eles acham, quando na verdade, é seu talento que faz a diferença.
É outra face do efeito de Dunning-Kruger: às vezes, os competentes não sabem que são competentes. Isso significa que quando é bom em alguma coisa, o indivíduo tende a assumir que os outros são tão bons quanto eles. Assim, quando confrontado com uma tarefa na qual você é bom, você tende a subestimar sua própria habilidade.
Isso não acontece somente quando pessoas possuem habilidades especiais, mas quando eles encaram, por exemplo, uma tarefa especialmente difícil. Estudos mostram que pessoas se subestimam quando confrontadas com atividades com fama de difíceis, tais como jogo de xadrez, contar piadas ou programação de computadores.
Em oposto, superestimam suas habilidades em atividades consideradas simples, como por exemplo, usar um mouse, dirigir automóvel e andar de bicicleta. Qual é a explicação?
Quando as pessoas se comparam com outras, elas se focam de modo egocêntrico em suas próprias habilidades e percebem de maneira insuficiente as habilidades do grupo de comparação. Em outras palavras, tendemos a esquecer do quanto as outras pessoas podem ser boas em andar de bicicleta e o quanto podem ser ruins em programar computadores ou contar piadas.
O mesmo vale para os julgamentos que fazemos de nós mesmos. Por exemplo, pessoas mais velhas tendem a assumir que são menos atraentes ou atléticas que outros indivíduos de mesma idade.
A moral da história é simples: às vezes nos depreciamos, especialmente quando confrontados com um trabalho difícil ou quando possuímos habilidades especiais. Nessas circunstâncias, somos melhores que imaginamos.

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