1 de maio de 2013

Por que o RH ainda não é estratégico para o negócio?

Tommaso Russo


Por mais de 10 anos, ouvimos que o RH deve tornar-se um parceiro estratégico para o negócio. E pelo fato de que ainda estamos ouvindo isso, em muitas organizações isso não aconteceu.

A necessidade de alinhar RH com o negócio tornou-se mais urgente do que nunca. Os custos com a mão de obra sobem, sem que haja uma contrapartida da produtividade das pessoas. A rotatividade dos colaboradores de alto desempenho deve aumentar, pois a disponibilidade de pessoal qualificado ainda se manterá baixa nos próximos anos.

No entanto, muitos empresários ainda se perguntam  para que, além do cumprimento de requisitos legais, eles devem manter um departamento de RH? Muitos gestores de recursos humanos estão até dispostos a tornarem-se mais parceiros do negócio, mas dadas as situações específicas de cada empresa e do mercado, não conseguem definir exatamente as ações necessárias para cumprir esse papel.

Afinal, o RH ajuda a “lubrificar” o negócio ou apenas causa mais atrito? O atrito é qualquer coisa que atrapalha o fluxo do trabalho em aproximar-se do cliente da empresa e ter lucro com ele. A “lubrificação”, pelo contrário, procura remover as barreiras internas e promover o melhor desempenho das pessoas. Essa questão se aplica a qualquer tipo de negócio e vai definir o caminho para o RH tornar-se de fato um parceiro estratégico. Mesmo nas atividades de rotina, o RH deve questionar-se sobre o que está fazendo para fazer o negócio andar ao invés de atrapalhá-lo.

A verdade é que estamos longe de fazer diferença para as pessoas e para o negócio.

Consideremos, por exemplo, as estratégias do RH para os talentos. Frequentemente achamos que temos boas políticas para manter as pessoas críticas para o negócio, mas, na prática, utilizamos nosso tempo e nossos esforços de maneira igual com todos os colaboradores da empresa (isso quando não gastamos mais tempo com os funcionários de mau desempenho, na inútil tentativa de “salvá-los”). Isso ajuda o negócio?

Verdadeiros parceiros devem identificar os pontos críticos do negócio, nos quais estão as diferenças entre o sucesso e o fracasso da organização, e olhar para as pessoas que ocupam essa posição. É o conceito da “força de trabalho diferenciada”.

Significa tratar a gestão de talentos como parte do portfolio de investimentos, alguns dos quais irão propiciar um retorno financeiro muito maior que outros. Em vez de gastar uma quantidade de tempo igual de tempo, atenção e recursos para todos, devemos investir mais nos cargos críticos e nas pessoas críticas – não apenas em termos de remuneração, mas também no desenvolvimento, oportunidades, retenção, motivação e planejamentio do capital humano.

Em uma empresa, todos os cargos são importantes, mas nem todos são estratégicos e impactam da mesma forma os resultados.

Mesmo que o RH já tenha identificado as áreas críticas e identificado as necessidades estratégicas  da empresa, quanto tempo a equipe dispende, em conjunto com os líderes, para atrair, desenvolver, engajar e reter os talentos necessários para preencher essas necessidades estratégicas? Quanto tempo o RH passa junto à linha de frente do negócio, identificando problemas e avaliando necessidades para aumento da produtividade das pessoas e competitividade da organização? Ou ainda o RH está preso à mentalidade igualitária, onde o tempo e os recursos gastos não impactam positivimente a última linha do balanço? O RH “lubrifica” ou apenas aumenta o atrito?


Adaptado de “Why HR Still Isn’t a Strategic Partner – por J. Craig Mundy - Harvard Business Review Blog - 2012/07

Nenhum comentário:

Postar um comentário