31 de maio de 2013

É triste, mas as pessoas não se tornam mais estratégicas

Tommaso Russo



Por que algumas empresas não conseguem chegar onde desejam? O que impede o crescimento da organização? O que as bloqueia de efetivamente executar coisas novas e que poderiam garantir sua sobrevivência? 

Frequentemente, é a descoberta que as pessoas sentadas ao redor da mesa de reunião não são exatamente aquelas necessárias para fazer o negócio andar.

A triste realidade em “tornar-se” estratégico

Em conversas com donos de empresas, quando são citados nomes de indivíduos, ouve-se a expressão: “Eu preciso de gente mais estratégica”.

Infelizmente, a realidade é que dificilmente as pessoas se tornam estratégicas.

Claro, existem pessoas que ocupam posições na organização, são relativamente inexperientes e que não percebem que seu trabalho é ser estratégico. Quando lhes é dito “você deveria ser mais estratégico”, isso lhes fornece a imaginação e a permissão para agirem como tal. Eles levam um choque de autoconfiança e se transformam – rápido. Assim, vale a pena dar oportunidade para que essas pessoas que se desenvolvam.

Mais, ser mais estratégico é alguma coisa aprendida com o tempo. O que parece ser a realidade é que ou as pessoas possuem o DNA estratégico, ou não. Se a organização espera que alguém da equipe torne-se mais estratégico, e vem insistindo, orientando e fornecendo treinamento por mais de um ano, e nada acontece, reconheça, essa pessoa jamais será estratégica.

Onde os líderes travam

E aí vai a parte desagradável – a organização possuem chefias que são boa-gente, leiais, vestem a camisa, fazem acontecer. Mas não pensam – e agem – de maneira suficientemente estratégica. Eles acordam um belo dia em uma nova função, resultado do crescimento da organização. Função essa que necessita de alguém para liderar e fazer coisas novas, em uma escala maior ou apenas dramaticamente diferente. Não são cargos para aqueles que sabem fazer as coisas acontecerem. Na verdade, essa é parte do problema. Eles estão tão ocupados em fazer as coisas do jeito antigo ou do jeito atual que não têm tempo para pensar se deveriam estar ou não fazendo as coisas desse modo. Algumas pessoas não conseguem largar os processos para pensar no que elas poderiam melhorar esses processos ou se é preciso conceber processos totalmente diferentes.

Concebendo e liderando as mudanças

As empresas precisam de gente que as ajuda com novos pensamentos. Pessoas que consigam conceber e liderar a mudança, e em seguida desenvolver e motivar outras pessoas na organização para fazer o negócio ir para frente e para o alto.

Se a empresa estiver pendurada em pessoas não estratégicas, o crescimento está bloqueado. O negócio não cresce, pois todo o pensamento estratégico e a inovação estão apenas nas mãos do dono. E não apenas os assuntos estratégicos a nível da organização, mas todos os assuntos dos níveis mais abaixo.

E o dono precisa então parar tudo e explicar para essas pessoas não estratégicas os porquês e os como de tudo que precisa ser feito para que a empresa sobreviva nesse mundo novo. E aí, o dono se torna um gargalo que atrasa o progresso.

Mas, se as empresas encararem o fato de que precisam de pessoas diferentes (estratégicas) no seu time e conseguir colocar as pessoas certas nas posições estratégicas, que são naturalmente competentes e motivadas para conduzirem a mudança, então o dono pode assumir efetivamente seu papel. Porque ele vai dispor de gente abaixo dele que pensam e podem fazer a organização crescer sem precisar tanto da atenção dele. Cada líder toma conta de sua área estrategicamente com competência e motivação.

Fazer o negócio crescer ou manter os empregos?

Parece cruel, mas o dono da empresa precisa decidir se quer realmente fazer o negócio deslanchar ou se quer evitar desconforto e conflitos, mantendo todos os fiéis empregados, que o ajudaram a que a empresa chegasse onde está.

Se o resultado desejado é que o negócio cresça, então é preciso ter as pessoas certas para fazer isso acontecer; caso contrário, os resultados não vão ser melhores que as pessoas que a empresa tem.

Mas assim mesmo, é cruel, não é? As pessoas que estão aí hoje não fizeram nada de errado, são bons funcionários e até amigos, e não podem ser demitidos por fazer um trabalho bom, mas não suficientemente bom. Mas não é também função da empresa cuidar de seus colaboradores?

Se a manutenção de empregos é um fator cultural muito forte na organização, há a alternativa de tirar essas pessoas da frente, transferindo-as para posições secundárias na organização e colocando gente com perfil estratégico nos cargos estratégicos.

Se a empresa não puder ou não quiser fazer esse movimento, então é melhor aceitar que nunca haverá uma mudança estratégica e que a organização deve buscar um modelo de negócio que possa ser tocado pelas pessoas que estão aí.

Corolário: Não desperdice tempo nem energia exortando seus colaboradores para que a empresa cresça estrategicamente sem se livrar das pessoas não estratégicas, para depois ficar se perguntando por que as coisas não acontecem do jeito desejado.



Adaptado de “A Sad Workplace Truth: People Don’t Just Become More Strategic”, em http://www.tlnt.com/2012/09/07/a-sad-workplace-truth-people-dont-just-become-more-strategic/

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