25 de fevereiro de 2013

Como discordar do chefe?




 Tommaso Russo
As empresas enfrentam hoje um ambiente desafiador, sob a perspectiva de seu mercado (concorrência, instabilidade econômica, consumidores mais ativos na luta pelos seus direitos) e a nível interno (exigências dos acionistas, exigência de investimentos cada vez mais elevados, atração e retenção de colaboradores, processos cada vez mais complexos).

Dessa forma, colaboradores que possuam habilidades ligadas à criatividade e à visão crítica são cada vez mais procurados em empresas que acreditam que esses dois fatores são fundamentais para sua diferenciação competitiva no mercado.

Entretanto, não é fácil desenvolver essas competências quando a cultura da empresa ainda não digere bem opiniões internas divergentes. O ponto mais sensível é, sem dúvida, a chefia imediata de alguém que emite suas opiniões e sugestões com base na sua experiência, formação e talento.

Às vezes parte do problema é a própria personalidade da chefia. Chefes centralizadores, inseguros ou que politicamente não gostam de envolverem-se com nada que fuja de sua descrição de cargo. Entretanto, ignorar o superior imediato e mostrar suas ideias a “quem decide” pode ser arriscado para a carreira de qualquer um, por melhor que sejam suas intenções.

Por outro lado, “deixar prá lá”, ou seja, conformar-se ante situações ou procedimentos improdutivos, tecnicamente falhos, para os quais você enxerga oportunidades óbvias de melhoria, parece desonesto com você mesmo e com seu profissionalismo.

A estratégia é, assim, criar um ambiente junto à chefia que possibilite a discussão produtiva, com abertura para a consideração de novas ideias. Como construir esse cenário? Quais são os comportamentos que devem ser desenvolvidos?

 - Empatia com a chefia, ou seja, nos colocar na posição dela e tentar criar um clima de cordialidade e bom relacionamento; esse clima deve predominar em todas as discussões e troca de ideias – uma boa iniciativa é iniciar a discussão com os pontos em que há concordância mútua;

 - Construir um histórico de bom desempenho, que deixe seu chefe “bem na foto” perante a empresa; suas opiniões serão pelo menos ouvidas em consideração às suas contribuições;

 - Do mesmo modo, deve ser construída uma reputação de comportamento ético impecável e de bom relacionamento com as pessoas – ou seja, uma pessoa a quem o chefe não teria dificuldades de apoiar perante a empresa;

 - Criar uma reputação de engajamento – vestir a camisa da empresa. As opiniões têm o foco na empresa e são oportunas – não ter uma fama de chato e cri-cri – criticar por criticar. Falar quando as coisas parecem fora do rumo e não privilegiar uma pessoa ou uma área – o foco é a empresa como um todo;

 - Dentro da mesma linha, não deve haver “agendas ocultas” – a motivação das críticas não deve ser o engrandecimento pessoal ou o alpinismo da carreira;

 - Ter o maior cuidado em não fazer que o chefe pareça um idiota – sem ataques pessoais, sem ironias. O ideal é colocar a chefia na posição de um mentor – tentar aprender o máximo durante as discussões, aperfeiçoando nossos comportamentos para maior efetividade no futuro;

 - As críticas e sugestões devem ser apoiadas pela razão e pelas evidências – ou seja, com base em fatos e dados – demonstrando que a lição de casa foi feita, que houve preparação e pesquisa sérias antes do caso ser apresentado. “Eu acho” ou “me parece” não são argumentos convincentes para ninguém;

 - Por maior que seja a tentação, não passar por cima do chefe – imagine a situação da sua chefia se esta ficar sabendo de suas ideias através de outras pessoas – pares ou pelo chefe dele.

Atitudes como essas vão fazer a diferença entre um bom funcionário – aquele que a maioria dos chefes quer na sua equipe – e uma pessoa do contra, cuja única intenção é desagregar as pessoas.

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