29 de abril de 2012

Tornando as ações de Treinamento e Desenvolvimento eficazes


Tommaso Russo


“Diante da escassez de funcionários qualificados, um número crescente de empresas está assumindo a tarefa de treinar seus empregados. Encontrar pessoas com as qualificações adequadas para o trabalho – especialmente em funções especializadas – continua a ser um grande desafio, segundo várias empresas.”
O texto acima não constitui novidade para a grande maioria dos negócios no Brasil. Entretanto, trata-se de um trecho de uma reportagem sobre os investimentos de dezenas de milhões de dólares que a Westinghouse Electric vem efetuando nos Estados Unidos, em uma universidade corporativa, criada para treinar novos e antigos empregados.
Ou seja, as necessidades em Treinamento e Desenvolvimento são imensas e poucas empresas têm um cacife da ordem de milhões de reais para implantar universidades corporativas ou outros programas abrangentes para qualificar seus colaboradores. Assim, os esforços em T/D devem ser eficazes, atingindo as metas propostas com o menor custo possível.
E quais são as características dos processos de T/D que devem estar presentes para que atinjam seus objetivos?
Orçamento – pode parecer óbvio, mas muitas empresas querem ter as melhores pessoas, mas na primeira dificuldade econômica do negócio os orçamentos de T/D são cortados rapidamente. Talvez os programas de treinamento devam ser considerados investimentos e não como despesas, mantendo sua consistência, mesmo em dias ruins.
Tempo e recursos – se não houver sensibilidade pela empresa na alocação dos recursos, sempre haverá falta de tempo, dinheiro e gente alocados a T/D. Pode ser difícil medir o retorno financeiro imediato, mas aspectos tangíveis como sustentabilidade do negócio a médio prazo, a preservação dos valores e das competências críticas devem ser considerados.
Participação da alta administração – se aqueles que dirigem a empresa reconhecem e incentivam os programas de T/D, fica demonstrado que a companhia optou por posicionar-se estrategicamente ao invés de adotar uma postura estática e meramente reativa.
Falta de perspectiva – existe a tendência de oferecer treinamentos quando existem problemas sérios de conformidade nos produtos, ou seja, treinamos olhando pelo retrovisor. A perspectiva deve mudar para garantir que, através de treinamento e desenvolvimento, criem-se impactos positivos no negócio de acordo com a estratégia definida para médio e longo prazo.
Valor percebido – existe por parte do RH a necessidade de demonstrar, perante a administração, o “valor” de T/D para a empresa. Entretanto, às vezes esquecemos que T/D também deve ter valor para os colaboradores. Se estes não conseguem ver a aplicação prática do que é ensinado, a perda de valor é muito mais crítica que quaisquer aspectos financeiros envolvidos.
 Retenção dos conhecimentos – como os seres humanos aprendem?
  • Use ou esqueça – colaboradores que não conseguem incorporar o conhecimento no seu trabalho esquecem rapidamente o que foi ensinado
  • Reforço pela chefia – deve fazer parte das atribuições das chefias reforçar periodicamente os conhecimentos obtidos nos treinamentos
  • Relevância – muitas vezes o RH preocupa-se pela avaliação de reação dos treinandos (dinâmicas, qualidade das apresentações em Power Point, logística do evento, coffee-breaks) e acaba perdendo de vista o fato que T/D, para funcionar, deve possuir contexto e relevância. Se os colaboradores não se reconhecerem naquilo que está sendo transmitido, então os esforços são para nada.
  • Público-alvo – os treinamentos, mesmo de conteúdo igual, devem ser customizados para atingir as diversas “tribos” internas: não a abordagem deve ser diferente para públicos diferentes, mas principalmente a mídia e a linguagem deve adaptar-se à idade, escolaridade, capacidade de abstração, vocabulário e interesses dos colaboradores.
  • Humor – pode haver limites culturais nas empresas, mas quando as pessoas riem, há maior retenção das informações. Porém, o humor deve ser natural dentro dos esforços de comunicação, nunca forçado ou inadequado. Sem esse cuidado, sua mensagem será sempre lembrada, mas pelos motivos errados.
  • Conte histórias – as pessoas gravam melhor histórias que fatos e números. Quanto mais forem citadas experiências de outras pessoas, maior será a qualidade das ações de treinamento e desenvolvimento.

Qual é mesmo a diferença entre Treinamento e Desenvolvimento?
Treinamento
Desenvolvimento
Foco de curto prazo, orientado a tarefas
Foco de médio prazo, orientado a competências
Caráter coletivo (equipe)
Caráter individual
Foco nos problemas atuais
Foco nos resultados de médio prazo
Solução dos pontos fracos e reforço dos pontos fortes da empresa
Abordagem estratégica

Entretanto, o treinamento pode incorporar aspectos estratégicos. Dessa forma, pode ser um meio que conduz ao desenvolvimento individual. Essa sinergia pode ser perdida, entretanto, em estruturas de RH onde são definidas áreas distintas para cuidar de cada um desses processos.

Adaptado do artigo What Hinders Effective Training & Development? de Steve Browne, publicado em http://www.tlnt.com/2012/02/23/hr-roundtable-what-hinders-effective-training-development/

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