28 de maio de 2015

Lideranças e competências emocionais



Tommaso Russo

Na última década, foram publicados vários estudos e livros que abordam a natureza emocional na liderança, fato esse que contribuiu para a transformação da antiga abordagem de comando-e-controle para outra mais colaborativa e aberta.
Infelizmente, enquanto nos tornamos mais cientes a respeito da importância da inteligência emocional na atual liderança, a realidade é que esse problema ainda não é devidamente considerado e, nos últimos anos, tem piorado.
Os líderes enfrentam hoje o desafio de equilibrar as demandas urgentes de simplesmente fazer as coisas acontecerem em oposição à necessidade crítica de construir e manter um ambiente de trabalho que desperte o melhor das pessoas as quais gerenciam.
A importância e a necessidade de obter esse equilíbrio pode ser melhor entendido quando se observa que o estresse no trabalho está se tornando o principal problema que as organizações enfrentam atualmente. Nesse aspecto, o maior desafio é que lidar com esse estresse não depende das habilidades técnicas da liderança, mas de suas competências emocionais.
É também o motivo pelo qual, no ambiente de trabalho atual, onde todos somos bombardeados com apelos constantes pela nossa atenção e nosso tempo, as lideranças não podem permitir que tudo aquilo que chama nossa atenção imediata determine o foco no que é fundamentalmente importante. Ao contrário, é necessário que os líderes desenvolvam suas competências emocionais para que possam construir uma cultura organizacional que garanta o sucesso, crescimento e evolução coletiva.
Construindo as competências emocionais
O primeiro passo é que os líderes tomem consciência de qual comportamento demonstram nas suas interações diárias com sua equipe.
Especificamente, a liderança tem um interesse verdadeiro em ouvir, entender e aprender com as pessoas? Será que possuem a presença de espírito para perceber o estado emocional atual e como essas emoções influenciam sua capacidade de reagir e entender o que os colaboradores estão tentando dizer?
Sabemos que as emoções são contagiosas – fato esse que é facilmente percebido nessa nossa era de mídia social, onde vídeos, ideias e mesmo fotografias tornam-se virais em função das emoções que provocam.
Outro aspecto reside que nosso cérebro está programado para perceber inconscientemente sinais não verbais nas relações com outras pessoas. Isso quer dizer que no instante em que o líder entra em uma sala de reuniões, os demais participantes leem as mensagens não verbais que transmite e que servem como referência a partir da qual as pessoas interpretam tudo o que o líder fala e faz.
Ou seja, quando os líderes estão estressados, exaustos ou com sentimentos pessimistas, esse estado emocional provoca atitudes negativas nos seus subordinados, contribuindo para o aumento do estresse geral na organização.Ao contrário, quando os líderes encaram o trabalho de forma positiva, quando demonstram mais energia e entusiasmo, causam impacto positivo em sua equipe, aumentando a motivação e a produtividade geral.
A segunda etapa no processo de construção das competências emocionais das lideranças é a capacidade de percepção daquilo que é realmente importante para seus colaboradores.
Por exemplo, sabe-se que as pessoas desejam desenvolver um trabalho que faça sentido para elas. Um sentido de significação faz com os colaboradores trabalhem mais, com mais cuidado, diminuindo seus níveis de estresse e com um forte sentimento de auto realização.
Competências emocionais ajudam os líderes a entender esses fatores motivacionais de sua equipe e criar oportunidades para que as pessoas possam exercer seu talento e criatividade na construção conjunta de uma organização melhor. Além disso, apoiá-los para que enxerguem as dificuldades e obstáculos como oportunidades de desenvolvimento e aprendizagem. É claro, para que o líder consiga perceber esses fatores motivadores, devem criar uma profunda ligação emocional com as pessoas pelas quais é responsável.
Alguns estudos mostram que 70% das pessoas gostariam de conversar com seus chefes a respeito de seu futuro profissional e evolução na carreira. Menos de 30% dos chefes, entretanto, disponibilizam tempo e atenção para esse tipo de discussão com seus subordinados. Além disso, 80% dos chefes foram criticados pelos colaboradores por não os ouvir ou considerar suas opiniões.
Tomadas em conjunto, esses estudos revelam que os colaboradores atuais – independentemente da geração à qual pertencem – não se motivam ou incentivados a melhorar seu desempenho quando seus chefes se dedicam exclusivamente às tarefas ou aos processos pelos quais são responsáveis.
Ou seja, o que faz líderes serem bem-sucedidos não são suas habilidades ou conhecimentos técnicos. Ao contrário, é sua habilidade em entender o ambiente emocional que criam na organização e o quanto isso alimenta a motivação e a produtividade de seus colaboradores.
 
Adaptado de Building Emotional Competencies In Our Leadership, publicado em http://www.tanveernaseer.com/how-to-build-emotional-competencies-in-our-leadership/

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