29 de janeiro de 2015

O custo das chefias ruins



Tommaso Russo
Quando maus gestores são tolerados nas organizações, todos sofrem:
Os colaboradores sofrem – as pessoas sentem-se sem apoio, sem direção, assediadas, confusas, desmotivadas, desvalorizadas, frustradas e perguntando-se frequentemente: “será que sou eu?”. Assim não estão engajadas e não são produtivas.
A direção sofre – quando a direção não sente confiança nas chefias abaixo dela, ela acaba por assumir parte do trabalho operacional e remendar as más decisões tomadas pelos maus gestores. Ela fica sobrecarregada por ter que fazer sua parte E a parte de seus subordinados.
O negócio sofre – quando as chefias não são capazes de conduzir suas atribuições – tomar boas e claras decisões e desenvolver equipes fortes e capazes sob seu comando – a direção não consegue ser estratégica por ficar atolada no dia a dia. O negócio então progride lentamente ou fica estagnado.
Ou seja, maus gestores custam milhões e, se houver muitos deles na empresa, podem acabar com o negócio. A única defesa contra essa ameaça é o ataque, pois uma das mais importantes decisões que uma empresa pode tomar é quais as pessoas são indicadas para geri-la. Quando essas escolhas são erradas, é muito difícil consertá-las. Nas organizações que dão certo e obtém uma significativa vantagem competitiva, os gestores são escolhidos na base do talento.
Liderança e Desempenho
O Instituto Gallup, empresa americana especializada em pesquisas de clima e de engajamento de empregados, estudou centenas de organizações e mediu o grau de engajamento de mais de 27 milhões de empregados e 2,5 milhões de equipes nos últimos 20 anos. Não importando o ramo, porte ou localização, as empresas tentam resolver o mistério de porque o desempenho varia tanto entre grupos de pessoas no trabalho. Os indicadores de produtividade variam muito dentro de mesmas companhias, e a uma causa não desprezível está na falta de consistência de como as pessoas são geridas. A falta de previsibilidade na gestão gera grandes ineficiências na execução.
Foram descobertos laços significativos entre o engajamento, ou o nível de motivação, dentro de uma unidade de negócio e indicadores vitais de desempenho dessa unidade, tais como satisfação de clientes, margem de lucro, produtividade, qualidade (menor número de defeitos), menor rotatividade e absenteísmo e menos acidentes de trabalho. Quando a motivação cresce, os indicadores melhoram quase proporcionalmente.
Para que isso aconteça, as organizações deveriam exigir, de maneira sistemática, que cada grupo ou unidade de negócio conte com um grande gestor. A raiz da variabilidade do desempenho está na própria natureza humana. Equipes são compostas por pessoas, com necessidades diferentes em relação à moral, motivação e clareza – o que leva a variados graus individuais de desempenho. Apenas grandes gestores de pessoas podem alinhar esses fatores e proporcionar bons resultados.

Competências dos talentos em liderar
Um detalhe: antes disso, as empresas precisam encontrar esses grandes gestores.
Se bons gestores parecem difíceis de encontrar, é porque o talento necessário para tornar-se um é raro também. Grandes gestores, segundo o Gallup, possuem as seguintes habilidades:
Conseguem motivar todos e cada colaborador a agir através de uma missão e visão motivadoras.
São assertivos para lidar com dificuldades e possuem habilidade para superar adversidades e as resistências.
Criam uma cultura clara de responsabilidade de cada um sobre os resultados do trabalho.
Constroem relacionamentos e criam um clima de confiança, de diálogo aberto e de total transparência.
Tomam decisões com base na produtividade e não na política.
Pesquisas do Gallup mostram que aproximadamente uma entre 10 pessoas possuem esses traços. Enquanto muitas são providos de alguns deles, poucas têm a combinação única de talentos que contribuem para que uma equipe atinja a excelência para melhorar significativamente o desempenho da empresa. Esses 10%, quando em posições de liderança, motivam colaboradores e clientes, retém talentos e sustentam uma cultura de alta produtividade.
Vale notar que outros 2 a cada 10 colaboradores exibem algumas características relativas ao talento básico de liderança e podem atingir melhores resultados se a organização investir em planos de desenvolvimento para eles.
A escolha das pessoas certas
Processos convencionais de seleção também contribuem bastante para a ineficiência nas práticas de gestão. Pouca ciência ou técnica é utilizada para descobrir o candidato certo para uma posição de liderança. Em geral, pessoas são contratadas ou promovidas pelo seu sucesso no cargo técnico que ocupam atualmente ou pelo tempo que têm na companhia.
Esses motivos não levam em consideração se o candidato possui o perfil correto para dar certo em um cargo de chefia. Ser um excelente programador, vendedor ou engenheiro, por exemplo, não garante que alguém, mesmo remotamente, seja apto a gerenciar outras pessoas.
Ou seja, muitas companhias promovem pessoas para cargos de liderança porque merecem e não porque têm talento para isso, o que na prática, não funciona. Experiência e habilidades são importantes, mas os talentos individuais – os modelos recorrentes de como pessoas se comportam, pensam e sentem – podem predizer em que função irão melhor desempenhar.
O talento é inato e são os elementos construtivos de nossa adequação ao trabalho, não importa a quantidade de treinamento, desenvolvimento ou experiência.
É importante observar– principalmente na situação atual da economia – que descobrir grandes gestores não depende nas condições de mercado ou das características da força de trabalho. Empresas de grande porte contam com aproximadamente 1 gestor para cada 10 empregados e, se apenas 10% possui a probabilidade de possuir as competências certas para liderar pessoas, conclui-se que apenas 1 pessoa por equipe pode ter talento como gestor. Aparentemente, pelos resultados das pesquisas do Gallup, essa pessoa não é o chefe atual. Mais provavelmente é que seja um colaborador com alto potencial para gestão, esperando para ser identificados por alguém, em algum lugar.
Porém, e essa é a boa notícia, existem talentos para liderar suficientes nas empresas – apenas estão esperando ser descobertos. A empresa pode maximizar esse potencial escolhendo as pessoas certas para as promoções aos níveis de gestão de pessoas, utilizando ferramentas de análise de potencial para a identificação de talentos.

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