29 de janeiro de 2015

Mudanças à vista nas recompensas



Tommaso Russo
 Tempos bicudos para as empresas brasileiras, principalmente as ligadas a setores que exigem mão de obra mais capacitada e produtiva. Com as dificuldades da maioria delas em crescer em faturamento, seu lucro irá depender de fatores internos, como a redução de custos e melhoria de produtividade. Isso exige um equilíbrio entre quatro fatores, alguns conflitantes entre si: redução de custos, aumento da produtividade, atração e retenção de talentos e gestão de riscos.

Em particular, enfrentamos o trade-off entre redução de custos e a retenção e motivação de colaboradores, notadamente os talentos, altos potenciais e aqueles com habilidades escassas no mercado. Entretanto, a opção de simplesmente pagar mais é, muitas vezes, financeiramente inviável. Isso faz com que empresas comecem a priorizar as recompensas intangíveis (tais como novos desafios e planos de carreira) para incrementar o engajamento e motivação de seus colaboradores.
Tendências em remuneração e recompensas
Estão em curso algumas tendências claras na utilização da remuneração e recompensas pelas organizações para superar esses obstáculos:
Pagamento por resultados – a criação de uma cultura focada em resultados, através do alinhamento de incentivos e recompensas a indicadores ligados ao desempenho da empresa, tais como lucro e faturamento.
Diferenciação nas recompensas para cargos críticos – os recursos limitados em incentivos estão sendo canalizados de modo muito mais focado para aqueles colaboradores que são vitais para o futuro do negócio: os talentos, altos potenciais e detentores do conhecimento ou de habilidades especiais. Está sendo utilizado também o conceito de recompensas totais para a retenção desses cargos críticos, através da definição clara de planos de carreira e sucessão, mobilidade global e programas específicos de desenvolvimento em combinação com remuneração e incentivos maiores.
Aumento da fatia em remuneração variável – a parcela das recompensas totais atrelada à remuneração variável vem aumentando, priorizando as metas críticas para o negócio e diminuindo a vulnerabilidade com salários fixos elevados. Estão sendo revistos os indicadores utilizados na avaliação de desempenho, reduzindo os riscos de bônus desproporcionais e imerecidos e ampliando o conceito do que é desempenho, incluindo fatores como responsabilidade social. A análise de riscos inerentes nos programas de bônus e incentivos de longo prazo está se tornando mais frequente.
Centralização – as políticas e programas de recompensas estão sendo cada vez mais centralizados entre negócios de um mesmo grupo econômico ou estabelecidos em outros países. A motivação é a consistência do foco em metas críticas e a redução de custos e do risco. Busca-se um equilíbrio entre uma política centralizada e uma flexibilidade por unidade de negócio ou por país, gerenciando melhor os impactos de mercados diferentes, culturas, impostos e regulação.
Benchmarking de mercado – Está-se dando uma ênfase crescente em comparações e pesquisas de mercado, coisa até então incomum com relação a tratamento dos talentos nas empresas. Esse movimento visa garantir que os talentos estão sendo pagos de modo competitivo frente à concorrência e que as empresas não estão praticando salários acima do mercado nos demais cargos.
As recompensas estão na agenda do Conselho – remuneração e recompensas não estão mais somente sob o controle dos especialistas em Remuneração e Benefícios. As despesas com incentivos e recompensas estão cada vez mais sob o escrutínio do Conselho de Acionistas, que questiona a área executiva em tópicos como:
- que resultados estamos obtendo em retorno ao que é gasto?
- qual a efetividade dos custos alocados em remuneração e incentivos?
- qual é o retorno do investimento feito?
Top of Mind
Quais são as ações relativas a pessoas que estão na cabeça dos executivos das principais organizações? A lista abaixo mostra os três programas prioritários relativos aos desafios que as empresas estão enfrentando na situação atual.

Sobrevivência do negócio
Relação recompensas / desempenho
Reação aos desafios
Gestão de custos
Revisão de Indicadores
Gestão de custos
Riscos e regulamentação
Melhor relação entre pagamento e desempenho
Desenvolvimento das lideranças
Concorrência
Diferenciação nas recompensas
Redesenho organizacional



Engajamento / Motivação
Talentos
Recompensas e motivação
Recompensas intangíveis
Desenvolvimento interno
Pesquisas de clima
Competências da média gerência
Recrutar e reter talentos chaves
Comunicação das recompensas
Transparência na comunicação
Programas para altos potenciais
Foco na media gerência



Referências para recompensas
Gestão de recompensas

Benchmarks externos
Envolvimento da alta e média gerência

Avaliação de desempenho
Aumento da comunicação sobre recompensas

Gestão de custos
Centralização da gestão dos programas

                                                            
Este artigo é um extrato da pesquisa “The Changing Face of Reward”, publicado pelo Hay Group. O estudo completo pode ser baixado a partir do endereço http://www.haygroup.com/uk/downloads/details.aspx?id=26870
Nota do autor: O mercado europeu e norte-americano, focos do estudo da Hay, estão passando ou saindo de uma recessão, enquanto estamos vivendo essa situação no Brasil desde meados de 2014 (situação essa que deve persistir em 2015 /2016). Apesar de contextos econômicos diferentes e “timings” distintos, entendo que os desafios para as empresas são os mesmos lá e cá.

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