29 de novembro de 2014

Turismo Médico



Tommaso Russo

Já ouviu falar em Turismo Médico? Esse termo refere-se às viagens internacionais que pessoas de fazem a países para tratamentos médicos. O turismo médico aumenta a uma taxa de 15 a 25% ao ano em todo o mundo.
Esses tratamentos não são mais limitados a operações plásticas ou lipoaspirações, mas incluem cirurgias cardíacas e ortopédicas complexas, tratamentos oftálmicos e transplantes de órgãos e células.
Os destinos mais populares são a Tailândia, México, Singapura, Índia, Malásia, Cuba, Costa Rica, Turquia, Coreia do Sul e ... Brasil. Na verdade, diversos hospitais brasileiros de ponta estão sendo certificados (o termo utilizado é acreditados) pela JCI – Joint Commission International, uma entidade sem fins lucrativos que certifica instalações médicas nos EUA, capacitando-os a receber pacientes vindos dos EUA e de todo o mundo. Até julho de 2014 a LCI acreditou mais de 600 hospitais fora dos Estados Unidos e a taxa de crescimento desse número é de 20% ao ano.
As razões para esse fato estão nos custos dos tratamentos em contraste com os praticados nos países desenvolvidos. Variações de custo de até 90% em procedimentos realizados nesses países em comparação com os custos americanos, por exemplo, vêm fazendo com que empresas que oferecem benefícios autopatrocinados de assistência médica enviem seus colaboradores para tratamentos no exterior. E porque não, se a qualidade dos serviços é igual ou melhor que a local?
Os pacientes permanecem de 15 a 17 dias nesses países para o tratamento e recuperação. O acompanhamento depois que o paciente volta para casa é feito via vídeo conferência entre seu médico particular e o profissional responsável por seu tratamento no exterior.
Algumas operadoras de saúde e seguradoras americanas possuem acordos com hospitais no exterior de forma a reduzir seus custos, assim como diversas escolas de medicina desenvolveram parcerias no exterior, tais como a Escola de Medicina de Harvard em Dubai e a unidade de Singapura da Universidade Johns Hopkins.  Algumas operadoras já incluem em suas coberturas normais procedimentos realizados no exterior. Outras dividem com o paciente até 25% da diferença de custo se o tratamento for realizado no estrangeiro.
Essa tendência pode nos levar às seguintes conclusões:

  • A crise pela qual está passando o setor de saúde suplementar no Brasil está oferecendo oportunidades aos hospitais particulares de alto nível, que estão sendo descredenciados pelas operadoras de planos de saúde em virtude de seus altos custos passem a atender clientes de operadoras e seguradoras de outros países para sobreviver.
  • É possível que os estragos no sistema de saúde dos EUA - que poderão ocorrer se essa tendência persistir - sejam comparáveis àqueles que os japoneses fizeram com a indústria automobilística e os chineses com a indústria em geral americana.
  • Talvez seja um dos poucos casos que o Brasil se dará bem com a globalização...
Adaptado do artigo Global Medical Tourism, publicado em http://www.compensationcafe.com/2014/10/global-medical-tourism.html



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