29 de novembro de 2014

Cargos críticos e planos de sucessão



Tommaso Russo

Se fôssemos identificar as funções críticas de uma companhia aérea, quais seriam as mais importantes? Podem ser os pilotos, já que são altamente qualificados e devem operar a aeronave de maneira segura. Mas e o papel dos atendentes de bordo, do pessoal do balcão nos aeroportos, dos vendedores de passagens, dos carregadores de bagagem? Ao contrário dos pilotos tecnicamente qualificados e altamente treinados, esses funcionários provavelmente possuem um impacto maior na satisfação dos passageiros e no lucro da empresa. A experiência de voar, que vai desde o check-in até o recebimento rápido da bagagem no destino pode tanto fazer um cliente frequente nunca mais viajar pela companhia aérea, quanto encantar o cliente, aumentando sua fidelidade e estabelecendo um relacionamento duradouro.
Conforme mostrado no exemplo acima, não é fácil para a liderança da organização ou para Recursos Humanos identificar os cargos críticos do negócio. Quando ocupados pelas pessoas certas, os cargos críticos criam vantagens competitivas de longo prazo, fazendo que seja essencial que a organização possua os talentos corretos e sucessores preparados para ocupar essas funções.
Para a identificação dos cargos críticos da organização é fundamental avaliar de forma objetiva quais são as funções que mais impactarão a rentabilidade de longo prazo. Uma vez identificadas essas posições, o perfil desejado para o ocupante pode ser definido com clareza. Com esses requisitos, são desenvolvidos e avaliados os potenciais sucessores.
Quem deveria ser o sucessor?
Um exemplo pode ajudar no estabelecimento do processo de elaboração do perfil: uma grande organização global de serviços financeiros está buscando potenciais sucessores para um de seus cargos críticos de liderança, o Diretor-Presidente. Para a construção do perfil ou modelo de desenvolvimento para esse cargo, a empresa deve atualizar a descrição de cargo a avaliar pessoas de alto potencial em diferentes aspectos, incluindo experiência, liderança e características pessoais. Algumas análises incluiriam:
O candidato possui experiência suficiente e, se tem, em que tipo de ambientes? Essa organização deseja pessoas com experiência no mercado local e internacional, preferencialmente em países da Ásia. O candidato A é fluente em chinês e ocupou um posto em um país asiático por três anos e, por isso, possui uma nota maior que o Candidato B, que apenas fez algumas rápidas visitas à região e não possui fluência em nenhuma língua estrangeira. Obviamente, quanto mais inserido no mercado no qual irá atuar, melhor sua adequação ao cargo.
A experiência prévia do candidato contempla o tipo pretendido de negócio? Essa organização oferece diversos serviços financeiros, desde cartões de crédito e atividades bancárias de varejo até investimentos corporativos e fornecimento de capital de risco. A experiência do Candidato A, que foi responsável por gerenciar uma atividade com faturamento anual de US$15 bilhões no ramo bancário de varejo e de cartões de crédito, faz com ele seja qualificado para o cargo, mas sua experiência é limitada a apenas esses dois ramos do negócio. Assim, seu desenvolvimento deve ser concentrado na aquisição de experiência nos demais serviços antes de tornar-se o Diretor Geral.
Quais são as características do candidato relacionadas à orientação estratégica, agilidade de aprendizado e personalidade? Suponhamos que o Candidato A também possui traços que possibilitarão posicionar a organização com sucesso na região da Ásia-Pacífico através da criação de planos visionários e na construção de equipes sólidas. Ele também possui habilidades em antecipar tendências e transformá-las em estratégias de negócio que irão apoiar o crescimento da companhia. Apesar disso, ele deve trabalhar seus comportamentos para tornar-se mais carismático e apresentável. Motivado principalmente pelas suas conquistas pessoas e pelo desempenho de sua equipe, ele historicamente tem tido dificuldades em fazer boas apresentações em público e dialogando de forma aberta sobre novos conceitos e formas de fazer negócios com seus pares e superiores. Para ter sucesso como Diretor Geral e ganhar o apoio efetivo dos colaboradores e acionistas, o Candidato A deve investir mais tempo na melhoria de suas habilidades interpessoais.
Os critérios acima representam uma versão resumida e simplificada da definição do perfil para um sucessor de um Diretor Geral. As decisões sobre promoções, para serem tomadas de forma adequada devem estar baseadas na avaliação continuada tanto dos requisitos do cargo a ser preenchido quanto dos potenciais sucessores internos à empresa. Assim, a organização pode adquirir um entendimento claro de suas necessidades e de seus talentos, assim como as habilidades e características pessoais dos indivíduos podem ser comparadas entre si e com o perfil dos atuais ocupantes dos cargos – no caso em que eventualmente precisarem ser substituídos.
Avaliando continuamente cargos críticos e seus potenciais sucessores, as organizações podem apoiar firmemente seus colaboradores de alto potencial na medida em que sejam submetidos a planos acelerados de desenvolvimento como sucessores. Essas avaliações ajudam os colaboradores a reconhecer seus pontos fortes e as áreas onde necessitam desenvolver as competências necessárias para sua promoção a cargos mais altos.
Adaptado do artigo Identifying Critical Roles and Targeting Successors, publicado em http://www.trainingmag.com/identifying-critical-roles-and-targeting-successors

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